O Concílio [Vaticano II] conseguiu introduzir e integrar na catolicidade o paradigma da reforma protestante e o paradigma iluminista da modernidade.
(Hans Küng, apud MONTFORT).
Quem é Hans Küng? Um “teólogo”, herege proeminente. Por exemplo, é autor de uma Carta Aberta por ocasião do conclave que elegeu o atual Papa Bento XVI gloriosamente reinante, na qual pede (entre outros disparates), a eleição de um papa que [a grafia está no Português de Portugal, já que os excertos abaixo são retirados ipsis litteris do link acima indicado]:
- “se coíba de dar veredictos moralizadores sobre problemas complexos como a contracepção, o aborto e a sexualidade”;
- “permita a ordenação de mulheres que, à luz do Novo Testamento, é urgentemente necessária para a nova situação actual”;
- “corrija a encíclica proibitiva de Paulo VI, Humanae vitae, sobre a pílula, que afastou inúmeras mulheres católica da sua igreja, e reconheça explicitamente a responsabilidade pessoal dos cônjuges pelo controlo de natalidade e pelo número de filhos que têm””;
- “reconheça finalmente os ministérios protestante e anglicano, como há muito foi recomendado pelas comissões ecuménicas e como já é prática em muitos lugares”;
- “não reclame o monopólio da verdade”.
Em resumo: Küng é um herege completo que queria a eleição de um Papa herege como ele. Graças a Deus, João Paulo II foi sucedido pelo grande Bento XVI, e não pelo “papa herege” no qual o “teólogo” suíço pediu que os cardeais votassem.
Qual é o valor, então, que têm as opiniões de um herege manifesto para os católicos? Nenhum, por certo; ou, ao menos, tais opiniões deveriam ser muito bem comparadas com as posições de pessoas de ortodoxia incontestável, antes de serem abraçadas e seguidas. Assim, por exemplo, quando se vê Lutero afirmando ser na Epístola de São Paulo aos romanos que se baseia a sua [de Lutero] doutrina da Sola Fide, ou então quando se vê Calvino dizendo que a mesma Epístola de São Paulo e o livro do Êxodo fornecem a base para se crer que alguns são predestinados por Deus ao Inferno, a reação católica imediata é a de rechaçar os hereges, e não as Escrituras Sagradas. Isso é óbvio.
Todavia, o sr. Orlando Fedeli, no link citado na epígrafe, faz justamente o contrário. O fato de um herege “reconhecer” que o Vaticano II ensinou heresias é a prova incontestável de que assim o foi. O herege torna-se Magistério abalizado para pronunciar as sentenças infalíveis sobre o Vaticano II. O fato de Bento XVI sempre afirmar a ortodoxia do Concílio é irrelevante, diante das sentenças de um teólogo herege. Afinal, se o herege diz que Vaticano II introduziu “o paradigma da Reforma Protestante” na Igreja, ergo o Vaticano II introduziu o paradigma da Reforma Protestante na Igreja de Cristo. Küng locuta, causa finita.
Pergunta, enfim, retoricamente, o professor: “Quando até os hereges enxergam, por que alguns, que se dizem católicos, negam o visível”? Oras, isso é muito fácil de se retorquir; afinal, por que alguns, que se dizem católicos, compartilham as mesmíssimas opiniões dos hereges?
Isso são as conseqüências de não se abraçar firmemente a idéia de que a Igreja não pode subsistir sem o Seu Magistério e que, portanto, se Cristo prometeu que Ela perdurará até o fim dos tempos, então o Magistério da Igreja também perdurará sem interrupções. Chesterton disse, certa vez, que os homens, quando não acreditam mais em Deus, não é que eles passem a não acreditar em nada – ao contrário, eles passam a acreditar em tudo. O mesmo acontece, desgraçadamente, com quem não acredita mais no Magistério da Igreja: passa a acreditar em qualquer coisa, até mesmo em Hans Küng.
Jorge,
Excelente análise!
Já registrei no meu blog. =)
Abraços,
Luiz
http://www.fides.blogspot.com
Eu li esse post pelo blog do Mortagua. Huhuhuhu! Você, Jorge Ferraz… Você… :-D Acho que nunca mais o professor vai provocar as pessoas a “abandonar a preguiça intelectual”. :-D Muito bom. Muito bom mesmo. Temos que fazer uma revista, rapaz! Tantas coisas boas na internet católica que não chegam a uma maioria…
Hans Kung, não foi um dos participantes “notáveis” do Concílio?
No Concílio existiam três correntes a do Dogma (Dom Marcel Lefebvre), a da letra (Cardeal Joseph Ratzinger) e a do espírito (Hans Kung). Será que quando participou do Concílio, não era um herege? Então é por isso que alguns, que se dizem católicos, compartilham as mesmíssimas opiniões dos hereges?
Prezado “aaaaaaaaaaaaaaa”,
Não sei se Küng era já herege à época do Concílio, e isso não tem nada a ver com a questão atual: o fato de que a posição Küngiana [= “Vaticano II trouxe protestantismo e modernidade para dentro da Igreja”] já foi repetida e expressamente contradita por Roma.
Assim sendo, simplesmente não faz sentido que um católico acate esta posição como a mais singela e incontestável expressão da verdade.
Abraços,
Jorge
Jorge, não deixa de ser um fato que ele e outros hereges participaram do Concílio. Se tudo o que Kung diz é condenável pelo simples fato dele ser um herege, é bastante óbvio que o que fez no Concílio também o é. Quero apenas dizer, aquilo que esta escrito no livro a Imitação de Cristo:
“Não se deve olhar quem diz, mas o que foi dito.”
Deste modo, antes de querer desqualificar os argumentos de Hans Kung, com falácias Ad homine, deveria ter refutado-lhe os argumentos demonstrando que não houve protestantização.
Orígenes é sabidamente um herege, nem por isso tudo o que escreveu é heresia. Muito de sua obra deu origem a Teologia Cristã.
Prove que Hans Kung neste ponto esta errado. Quem tem o espírito do Concílio são os modernistas e pela primeira vez quem tem somente a letra, é o Magistério. Algo não observado em 20 Concílios Ecumênicos.
Prezado “aaaaaaaaaaaaaaa”,
De facto. Não deixa – e até concedo que Küng já era herege 40 anos atrás. Mas isso não tem relevância no caso em pauta.
Em primeiro lugar, as besteiras de Küng não são condenáveis “porque ele é um herege” simpliciter, e sim porque elas contradizem expressamente o que dizem os papas sobre o Vaticano II – esta é a questão.
Quem tem autoridade na Igreja não é Küng – e o erro de Fedeli et caterva é dar ouvidos demais ao que diz gente da laia dele (de Küng) e fazer ouvidos de mercador ao que diz a Santa Sé. É bastante óbvio que isto é errado.
Em segundo lugar, os documentos conciliares foram assinados por todos os bispos presentes, de modo que é um absurdo atribui-los simplesmente “a Hans Küng” para que os documentos fossem condenáveis por serem “da autoria de um herege”.
Negativo, a falácia de inversão do ônus da prova é tua. É o herege do Küng [ou tu…] que tem que provar – contra o que diz repetidamente a Santa Sé – que houve protestantização.
Sem contar que não existe “argumento” algum no artigo da Montfort. Há somente a citação de Küng como se fosse uma autoridade a justificar uma verdade apodítica.
E deve estar se revirando no túmulo, agora, com esta comparação com o Küng.
Mas, ainda concedendo que possa haver na obra do teólogo moderno alguma coisa que preste, com certeza não entra nesta conta aquilo que é expressamente contradito por Roma – como as acusações contra o CV-II ora em litígio.
Está errado porque o Magistério diz o contrário.
Me dê um único motivo pelo qual eu deveria seguir um herege reconhecido, em detrimento do Magistério da Igreja.
Abraços,
Jorge
Prezado “aaaaaaaaaaaaaaa”,
De facto. Não deixa – e até concedo que Küng já era herege 40 anos atrás. Mas isso não tem relevância no caso em pauta.
O simples fato dele ter participado do Concílio é tão relevante quanto as posições heréticas que você citou dele. Será que poderia citar em qual Concílio um herege saiu sem condenação?
Concordo que as besteiras de Kung são condenáveis por contradizerem o magistério. No entanto na citação específica dele não existe nenhum pronunciamento do Magistério que a refute em seu texto ou tem?
De fato quem tem autoridade na Igreja é o Magistério, porém o Concílio adotou o Método-histórico crítico de Rudolf Buttman e neste caso não houve protestantização? Se não houve, por que devemos interpretar o Concílio a luz da tradição? A luz da tradição não é o magistério que interpreta o Concílio?
A assinatura de um Bispo, não apaga a participação de um herege. Há não ser que se considere uma analogia a Sola Fides, onde pela assinatura dos Bispos a participação de hereges torna-se santa. Em momento algum deduz-se que tenha dito que Hans Kung fez o Concílio sozinho.
Negativo, a falácia de inversão do ônus da prova é tua. É o herege do Küng [ou tu…] que tem que provar – contra o que diz repetidamente a Santa Sé – que houve protestantização.
Negativo digo eu, pois ao afirmar que se tem o seguimento de um herege, compete a você provar o que se segue é uma heresia ou pelo menos citar o que diz a Santa Sé. Se não existe prova, resta a falácia do seguimento do herege. O mesmo pode se dizer em relação a uma doutrina de Tertuliano de cartago do período em que era fiel a Roma. Muito fácil acusar a pessoa que segue tal doutrina pelo simples fato de Tertuliano ter caído em heresia posteriormente. Isto seria honesto?
Sem contar que não existe “argumento” algum no artigo da Montfort. Há somente a citação de Küng como se fosse uma autoridade a justificar uma verdade apodítica.
Em matéria de Concílio Vaticano II, Hans Kung é uma autoridade, daí a importância de citar a sua participação. Ele era o líder da ala modernista radical (Consilium), enquanto Ratzinger era o da moderada (Comunio) e Dom Lefebvre o defensor do dogma.
Orígenes é sabidamente um herege, nem por isso tudo o que escreveu é heresia. Muito de sua obra deu origem a Teologia Cristã.
E deve estar se revirando no túmulo, agora, com esta comparação com o Küng.
Mas, ainda concedendo que possa haver na obra do teólogo moderno alguma coisa que preste, com certeza não entra nesta conta aquilo que é expressamente contradito por Roma – como as acusações contra o CV-II ora em litígio.
O fato de ser expressamente contradito por Roma não muda o fato dele ter participado efetivamente do Concílio. Como também não muda o fato do Magistério não possuir o Espírito do Concílio e sim eles que são hereges.
Prove que Hans Kung neste ponto esta errado.
Está errado porque o Magistério diz o contrário.
Onde esta o documento da Igreja?
Me dê um único motivo pelo qual eu deveria seguir um herege reconhecido, em detrimento do Magistério da Igreja.
Não estou lhe dando motivos para seguir um herege, mas estou pedindo provas do que ele disse foi heresia. Se não pode provar o que fala, seu artigo é uma bela cortina de fumaça. Sobre quem disse você escreveu muito, mas sobre o que foi dito não escreveu absolutamente nada. No protestantismo são as pessoas que possuem o Espírito das escrituras, não as Igrejas, como no Concílio, onde quem tem o seu Espírito são os modernistas e não o magistério.
Abraço
Prezado “aaaaaaaaaaaaaaa”,
Não, não é. Concedendo que Küng fosse herege no Concílio Vaticano II, os documentos conciliares não referendam as heresias dele. Portanto, a sua participação não invalida o Concílio.
As citações foram colocadas para se mostrar que ele é herege mesmo e, assim sendo, simplesmente não faz sentido seguir as idéias dele em detrimento do que é expressamente dito por Roma.
Em um Concílio que foi convocado não para condenar heresias, é natural que os hereges não tenham sido condenados, já que o Concílio não foi convocado para este fim. Poderia me citar onde está escrito que os Concílios precisam ser convocados para a condenação das heresias, e o Papa não pode fazer diferente, sob pena de invalidar o Concílio?
Na citação da protestantização?
Tem uma coletânea de pronunciamentos de SS Bento XVI sobre o Vaticano II que está linkada. Reproduzo:
AFINAL, BENTO XVI É FAVORÁVEL OU CONTRÁRIO AO CONCÍLIO VATICANO II?
Dizer que as palavras de Küng prevalecem sobre as do Papa é exatamente seguir a um herege ao invés de seguir ao Sucessor de Pedro.
Em primeiro lugar, o método histórico-crítico de interpretação das Escrituras [deve ser a isto que tu estás se referindo] é limitado, mas não “intrinsecamente mau”.
Em segundo lugar, ele não foi adotado “sem ressalvas”. Aliás, nem aparece nenhuma referência a ele na Dei Verbum. Sobre a utilização dele em meios eclesiais, talvez valha a pena ler este texto do então cardeal Ratzinger
Em terceiro lugar, é justamente por ser “o Magistério que interpreta o Concílio” que as opiniões sobre o Vaticano II abalizadas são as que vêm de Roma, e não de Küng.
Se ele não fez o Concílio sozinho, e se as idéias heréticas dele não encontram eco nos textos conciliares, então a participação dele no Vaticano II não torna ipso facto o concílio herético. Q.E.D.
Já foi citado no texto [em link] e reproduzido acima, neste mesmo comment. Todos os papas, desde João XXIII, referendam o Vaticano II; Küng diz que ele protestantizou a Igreja, e a palavra dele, sozinha, deve valer mais do que a de todos papas durante 40 anos?
Repito: nem Küng e nem a “ala modernista radical” são os “donos” do Vaticano II, de modo que o fato dele ter participado do Concílio não transforma a sua visão sobre o ele em verdade incontestável.
Ratzinger também participou do Concílio e tem uma posição diferente sobre o CVII. Ratzinger é Papa, Küng é herege. Por que a opinião deste deveria prevalecer sobre a daquele?
“Espírito do Concílio” é uma expressão destituída de significado objetivo, e cunhada pelos hereges para justificar as suas aloprações com os textos conciliares.
Bento XVI fala sobre isso no seu famoso discurso de natal
Os pronunciamentos papais sobre o assunto já foram citados.
No protestantismo, os hereges dizem que as pessoas possuem o espírito das Escrituras. Mas isso não muda o fato objetivo de que quem possui efetivamente é a Igreja.
No modernismo e no “rad-tradismo” (que compartilham a mesma opinião, só diferindo na posição que tomam diante dela), são os modernistas que possuem o espírito do Concílio. Mas isso em nada muda o fato de que é o Magistério o verdadeiro dono do Vaticano II, e o que vale é o que este Magistério diz, e não o que Küngs et caterva dizem.
Qualquer semelhança não é mera coincidência.
Abraços, em Cristo,
Jorge Ferraz
[…] o meu horário de almoço, descobri, com surpresa, que um artigo de minha autoria (publicado primeiro aqui no BLOG e, depois, no Veritatis Splendor) fora atacado em um outro BLOG que parece ser dedicado à […]