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[Publico abaixo um longo – extremamente longo – email que recebi, contendo “todos os detalhes” sobre o aborto em Recife. A despeito do tamanho do texto, a sua importância faz com que eu não hesite em publicá-lo aqui integralmente. É um verdadeiro dossiê, contendo em detalhes tanto quanto nós já dissemos aqui ao longo dos últimos dias, bem como outras coisas correlatas; essencial para quem quiser ter uma visão completa sobre o caso e o que está por trás dele. Recomendo enfaticamente ao menos uma leitura superficial.

O documento está dividido no seguinte:

1. A SITUAÇÃO POLÍTICA DO ABORTO NO BRASIL.

2. COMO TUDO COMEÇOU.

3. INTERNAÇÃO NO INSTITUTO MATERNO INFANTIL DO RECIFE.

4. ERIVALDO EM RECIFE.

5. ERIVALDO RETORNA A RECIFE.

6. O ABORTO É REALIZADO.

7. POR QUE MENTE-SE?

8. RAPTO E ABORTO NA NICARÁGUA.

9. CONCLUSÃO.

10. O QUE FAZER.]

(mais…)

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Foi com tristeza que comentei ontem aqui a existência de um assassinato em curso: uma garota de nove anos, estuprada pelo padrasto e grávida de gêmeos, estava na iminência de iniciar um processo de aborto autorizado pela mãe. No último instante, porém, aconteceu uma coisa extraordinária (que eu só fiquei sabendo hoje): o pai da menina é evangélico e disse ser contrário ao assassinato de seus netos! Diz o Jornal do Commercio que, “com a divergência entre os pais, a situação será decidida por um juiz da infância e da juventude”.

Não confio, absolutamente, nos “juízes de infância e juventude” que nós temos, nem tampouco nos “médicos” do IMIP (aliás, o Diário de Pernambuco disse hoje que o procedimento abortivo já começou e “pode levar dias”… Kyrie, eleison!). Mas existem algumas coisas sobre este caso que precisam ser ponderadas, além daquelas que eu já comentei em resposta ao Steven no post de ontem.

Antes de mais nada, vale a pena salientar que estamos diante da mais extrema situação de “aborto justificável” que os abortistas poderiam desejar, porque esta garota reúne em si virtualmente todos os [pseudo-]argumentos tradicionalmente utilizados pelos defensores do assassinato de bebês: é uma criança, foi estuprada, a gravidez é de risco. Impressionante como quase todos os “motivos” ad nauseam alegados pelos abortistas encontram-se personificados nesta menina que está internada em um hospital daqui de Recife!

Exatamente por isso, merece extremo louvor o pai da criança que, evangélico, declarou-se contra o assassinato dos bebês. Ele não se declarou simplesmente contrário ao aborto: com esta atitude heróica, ele deu um eloqüente testemunho contra quaisquer “argumentos” abortistas, já que se trata de uma filha dele, criança, que foi violentada, que leva uma gravidez de risco. Tentação maior para se optar pelo caminho “mais fácil” eu não conseguiria imaginar; no entanto, o pai da menina acredita no valor da vida, e acredita que nem mesmo a conjunção de todos os sofismas abortistas juntos é capaz de justificar o assassinato de inocentes. Ainda há pais verdadeiros neste mundo!

Se não for moralmente aceitável que esta criança aborte os seus filhos (como o pai dela acredita, e como eu acredito), então o aborto nunca é aceitável, porque situação mais difícil do que essa não poderá existir. Os abortistas sabem disso, e portanto precisam fazer de tudo para cativar as pessoas e fazê-las acreditar que, neste caso, o aborto é a solução mais perfeita e mais razoável, mais humana e mais sensata. Não surpreendentemente, o Jornal do Commercio aproveitou a reportagem já citada para fazer uma enquete sobre o aborto – em cuja vitória ele certamente confia – e divulgar um especial sobre o assassinato de crianças. “Uma mulher morre a cada três minutos no mundo por aborto inseguro; são 35  a 50 milhões de interrupções por ano; no Brasil, são mais de um milhão de abortos, entre espontâneos e provocados; (…) o aborto é a quarta causa de mortalidade materna no País”. Que primor de jornalismo sério e de imparcialidade!

Contra o blá-blá-blá, contudo, existe um pai, aqui em Pernambuco, que tem uma filha grávida, correndo risco com a gravidez, criança de nove anos de idade, violentada; mesmo com tudo isso, este pai é contra o aborto. Provavelmente nenhum dos abortistas que encontramos tagarelando por aí jamais passou por uma situação nem mesmo próxima dessa! No entanto, é o homem que sofre na pele tudo isso que tem a coragem de se dizer contrário ao assassinato de bebês. Que belíssimo exemplo! Rezemos por este pai, e rezemos pelas três crianças pernambucanas que estão no centro desta polêmica toda: a mãe e os dois gêmeos. Que Deus Se compadeça de nós, e que a Virgem de Guadalupe, padroeira das Américas e protetora dos nascituros, seja em favor das três.

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A história de Pernambuco de uma maneira como ela não é contada. A narrativa é empolgante e faz a alma vibrar! A mensagem foi originalmente recebida por email.

* * *

João Fernandes Vieira e os heróis da Insurreição Pernambucana

José Maria dos Santos

Juntamente com Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e Henrique Dias, Fernandes Vieira liderou a expulsão dos hereges holandeses que invadiram nosso território e oprimiam o povo católico


João Fernandes Vieira

Entre as várias potências estrangeiras que cobiçaram e mesmo invadiram o território nacional, a que mais nele permaneceu foi a Holanda, de 1630 a 1654. Contra os invasores levantaram-se representantes das três raças que formariam nossa nação –– portugueses, índios e negros –– irmanados no amor à Religião e à terra em que nasceram, ou que adotaram como sua. Entre esses ressaltam as figuras de João Fernandes Vieira –– que sacrificou seu bem-estar, a fortuna e a própria energia para expulsar o herege invasor do solo pátrio –– Vidal de Negreiros, o índio Felipe Camarão e o ex-escravo Henrique Dias.

João Fernandes Vieira nasceu em Funchal, ilha da Madeira, em 1613. Era filho do fidalgo Francisco d’Ornelas Muniz e de uma mulher de condição humilde. Aos 11 anos emigrou para o Brasil, vindo a estabelecer-se em Olinda, Pernambuco, onde se empregou no comércio. Quando os holandeses invadiram Pernambuco em 1630, ele resistiu aos invasores no forte de São Jorge, com 20 homens, por quase um mês. Durante a trégua estabelecida entre Portugal e Holanda, ele viveu na Pernambuco ocupada, associando-se ao mercador judeu Jacob Stachower, conselheiro da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, e fez boa fortuna. Ao casar-se com rica herdeira pernambucana, tornou-se um dos mais prósperos senhores de engenho do nordeste. Era muito caritativo e esmoler.

Organiza-se a insurreição contra os invasores protestantes


Conquista de Porto Calvo por Nassau
Em 1644, tendo voltado o conde Maurício de Nassau para a Holanda e piorado a opressão a que os hereges submetiam os pernambucanos, João Fernandes Vieira julgou que era o momento para romper o jugo do invasor.

Nessa época, passando em Pernambuco o Tenente-general André Vidal de Negreiros, paraibano vindo da Bahia para visitar seus parentes, com ele traçou os planos para uma sublevação. Decidiram escrever ao governador e capitão geral de todo o Estado do Brasil, Dom Antônio Teles da Silva, “na qual carta foram assinados os mais principais e mais fiéis homens de Pernambuco, assim eclesiásticos como seculares, na qual lhe manifestaram por extenso todas as calamidades e aflições daquela miserável Província, e outrossim as traições, aleivosias, afrontas, roubos, tiranias e crueldades que os pérfidos holandeses executavam nos pobres e angustiados moradores, pelo que já quase desesperados, estavam resolutos em se defender daqueles carniceiros atrozes e vender-lhes, à custa de sangue derramado, a terça parte das vidas que lhes haviam deixado”.(1) João Fernandes Vieira escreveu também ao índio poti Antônio Felipe Camarão –– que, por sua valentia e lealdade à Coroa Portuguesa, havia recebido título de nobreza e de “Governador e Capitão-general de todos os índios do Estado do Brasil” –– pedindo-lhe para juntar-se, com os seus, aos insurretos. Escreveu, no mesmo sentido, ao ex-escravo Henrique Dias, a quem El-Rei dera o cargo de “Governador dos pretos, crioulos, minas e mulatos”. João Fernandes Vieira foi aclamado “governador da independência”.


André Vidal de Negreiros

O governador geral Antônio Teles da Silva enviou em 1644 para Pernambuco experientes militares, liderados por Antônio Dias Cardoso, para que atuassem como instrutores. Mas tudo isso foi feito muito secretamente, porque a trégua assinada entre Portugal e Holanda não permitia que se agisse às claras.

“Durante o período de treinamento da tropa por Dias Cardoso, a liderança do movimento insurgente assinou secretamente em Ipojuca, a 23 de maio de 1645, o ‘Compromisso Imortal’. Nesse documento, em que pela primeira vez aparece a palavra pátria no continente americano, os luso-brasileiros manifestam a disposição de lutar até o fim pela libertação de uma terra com a qual já mantinham vínculos indissolúveis”.(2)

A batalha do Monte das Tabocas


Felipe Camarão (indicado pelo número 4) lidera seus índios na luta contra os holandeses

Os holandeses, tendo lutado contra os luso-brasileiros em escaramuças diversas, com grande poderio os surpreenderam num matagal de tabocas (espécie de bambu muito espinhoso), querendo acabar de vez com sua reação. Mas os nossos heróis lhes fizeram face e o combate foi renhido de parte a parte. Dada a inferioridade numérica, e sobretudo de munições, os insurretos foram perdendo terreno e começaram a desfalecer. Foi então que um sacerdote, que estava com uma imagem de Cristo crucificado, fez uma patética preleção pedindo ao Senhor que, pelo seu Sangue, pelas angústias e dores de Maria, “não atentasse para nossos pecados, merecedores de eterno castigo, senão para Seu amor e misericórdia, e que não permitisse que os inimigos de Sua santa Fé, que tantos agravos lhe tinham feito, profanando Seus templos e despedaçando as sagradas imagens dos Santos, triunfassem do seu povo católico, que estava pelejando por Sua honra; e que, pois a empresa era Sua, nos desse vitória contra aqueles tiranos hereges, para que o mundo soubesse que aos que pelejavam por a honra de Deus, não lhes faltava o divino favor e adjutório. […] Todos prometeram cilícios, disciplinas, jejuns, romarias e esmolas; e o Governador João Fernandes Vieira, como não é menos cristão que bom e valoroso soldado, prometeu de levantar duas igrejas, uma a Nossa Senhora de Nazaré, e outra a Nossa Senhora do Desterro”.(3)

Nossa Senhora com o Menino socorre os católicos


Henrique Dias ferido em Porto Calvo

Fortalecidos por um espírito sobrenatural, os nossos bravos atacaram o inimigo de tal modo, que Fernandes Vieira teve que deter seus guerreiros, tal o ardor com que se entregaram ao ataque. Entretanto, tendo acuado o inimigo, este voltou-se contra os agressores com grande ímpeto, o que mudou outra vez a sorte da batalha. Foi aí que Fernandes Vieira, vendo o perigo, gritou: “Valorosos portugueses: viva a Fé de Cristo. A eles, a eles”. O padre Manuel de Morais, erguendo a imagem de Cristo, pediu a todos que rezassem uma Salve Rainha à Mãe de Deus, pedindo-lhe auxílio. “E em dizendo todos em alta voz ‘Salve Rainha, Madre de Misericórdia’, se viu logo o favor da Mãe de Deus, porque o inimigo se começou a retirar descomposto e ir perdendo terra a olhos vistos, e os nossos começaram a gritar ‘Vitória, Vitória’, e acometeram com tanto ímpeto, que o desalojaram e deitaram fora do campo, ficando a gloriosa vitória alcançada pelos merecimentos da Virgem Maria Mãe de Deus”.(4)

No dia seguinte, os católicos ouviram dos holandeses aprisionados este impressionante testemunho: “viam andar entre os portugueses uma mulher muito formosa com um menino nos braços, e junto a ela um velho venerando, vestido de branco, os quais davam armas, pólvora e balas aos nossos soldados, e que era tanto o resplendor que a mulher e o menino lançavam, que lhes cegava os olhos e não podiam olhar para eles de fito a fito. E que esta visão lhes fez logo virar as costas e retirar-se descompostamente”.(5) O mesmo fato é narrado por Frei Manuel Calado. Aí se fundou a vila de Vitória de SantoAntão, em honra do ancião que com a Virgem aparecera.

As batalhas de Guararapes e a reconquista


Batalha de Guararapes

No mesmo ano João Fernandes Vieira participou ainda da batalha de Casa Forte; e nos anos de 1648 e 1649, das duas batalhas dos Guararapes. Na primeira delas, que se deu no dia 19 de abril, domingo da Pascoela e festa de Nossa Senhora dos Prazeres, Fernandes Vieira e Vidal de Negreiros, auxiliados por Felipe Camarão comandando seus índios, e Henrique Dias os seus negros, levaram à vitória as hostes católicas, apesar da desproporção de 2.200 homens para 7.400 hereges holandeses.

Na segunda batalha dos Guararapes, que se deu no dia 19 de fevereiro de 1649, a desproporção era menor, se bem que considerável: 5.000 holandeses contra 2.600 luso-brasileiros, índios e pretos. Nela morreram 2 mil holandeses e apenas 47 coligados. Mas entre estes estava o heróico Henrique Dias, que deu assim a sua vida em defesa da Religião e da Pátria.


Batalha de Guararapes, (detalhe) – Óleo de Victor Meirelles

As perdas das duas batalhas, que somavam quase 5 mil homens, fizeram ver aos protestantes vindos da Holanda que estava custando muito caro a invasão e conquista de nossa terra.

Em 1654 João Fernandes Vieira tomou os fortes de Salinas e Altenar, enquanto o inimigo abandonava os de São Jorge e da Barreta.

Enfim, os holandeses retiraram-se definitivamente do Brasil. E a 27 de janeiro desse mesmo ano assinaram a capitulação da Campina do Taborda, pela qual deveriam entregar Recife e todas as fortalezas que ainda lhes restavam. E João Fernandes Vieira tomou posse de Recife em nome de Sua Majestade, o Rei D. João IV de Portugal. Ficava assim o Brasil definitivamente livre dos hereges que tentaram várias vezes assenhorear-se de parte de nosso imenso território.

Governador da Paraíba, Capitão-geral de Angola


Oficiais holandeses são aprisionados pelas forças luso-brasileiras

João Fernandes Vieira foi recompensado pelo Rei Dom João IV com os cargos de governador da Paraíba (1655-1657) e de capitão-geral de Angola (1658-1661). Em 1672 foi nomeado administrador e superintendente das fortificações de Pernambuco e capitanias vizinhas, até o Ceará.

Esse grande herói de nossa Pátria faleceu em 1681 em Olinda. Por sua relevante participação na Insurreição Pernambucana, foi escolhido como um dos patriarcas do Exército Brasileiro.

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Notas:

1. Frei Manoel Calado, O Valeroso Lucideno e triunpho da liberdade, Edições Cultura, São Paulo, 1943, tomo I, p. 318.

2. Texto: Colaboração do Cel. Rosty/COTER. http://www.exercito.gov.br/05Notici/VO/175/tabocas.htm

3. Frei Manoel Calado, Id., Ib., tomo II, p. 12.

4. Id. Ib., p. 14.

5. Diogo Lopes Santiago, História da Guerra de Pernambuco, Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, Recife, 1984, p. 258.

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